----- Mensagem encaminhada -----



Este é o 68º  fragmento
Hoje são 15 de novembro, 21 de netuno no calendário deste SPIN
Dia parado, feriado
Proclamação da República
Se neste SPIN hoje é dia de trabalhar, escrever?
Não
Hoje este spin  deveria estar parado
Férias de tudo
Como estou?
Ainda não atingi um grau adequado de resiliência
As lembranças do passado presente
O caminho voltará a ser  trilhado
Escrever, escrever
Fazer o SPIN- I, II, III, etc
Até o fim
Foi isto o que percebi logo após libertar-me do abraço da morte
Talvez eu não chegue ao fragmento 70/70 desta obra
Não quero insistir neste sentimentalismo choroso
Experimentei a morte
Despedi-me desta vida
Apesar disso não é intenção deste spin  ser piegas
Estou aqui
O que percebi logo após livrar-me do  (a) braço da morte?
Percebi que devo insistir na escrita
Estudar, pesquisar, ir em frente
Pois é o que tenho de mais valia
Não posso viver tão desconcentrado
Tenho que estar aqui, jamais alguém que sempre estar “por aí”
Posso ser um ser presente
Enraizado
Material
Dono de sim
Livrar-me do abraço da morte provou-me, definitivamente, do quanto sou capaz
Pude aprender com uma lição tão arriscada
A vida por um limiar
Num milésimo tempo de grau de tempo
Quando já havia me despedido desta vida
Do relógio-de-ponto
Não quis ser visto por meu pai
Morto, estrangulado
Isto seria o começo da morte dele também
Por isso não entreguei-me ao traiçoeiro abraço da morte
E põe traiçoeiro nisto!
A princípio pensei que fosse um gesto de carinho
Aquele “gesto de carinho” foi-se intensificando aos poucos
Quando vi que era a morte eu já estava morrendo
Quando a minha metade já estava morta
A outra metade reagiu
A outra metade ainda não foi reanimada
Continuo com o lado esquerdo do rosto paralisado
As cordas vocais destruídas
Continuo meio morto
Cinqüenta por cento morto
A morte levou cinqüenta por cento do meu corpo
A outra metade está aqui
Contando esta história
Como alguém que morreu e voltou para contar tudo
Engraçado como morrer não é o fim
Não é tão ruim morrer
Se não fosse a presença do meu pai velando-me
A minha outra metade nem teria reagido
No entanto reagi
Estou vivo
Tantos não conseguiriam, talvez ninguém havia conseguido, até hoje, escapar daquele abraço tão forte da morte
Forte aos poucos
Um abraço que foi-se intensificando aos poucos
Tal como um parafuso sendo apertado pela porca
o abraço da morte
traiçoeiro abraço
A morte veio com o nome de Taylor
Eu: como é seu nome?
Ele ( sorrindo feito um anjo enviado dos céus ): meu nome é Taylor.
Eu: você trabalha com que?
Ele ( com vários cheques na mão, agora sei, furtados de alguma vítima): estou indo ao banco
Eu: você trabalha com que?
Ele: com meu pai. Mexo com informática
Eu: Engraçado, comprei um computador recentemente. Ainda não instalei nem internet. Desinteressei-me totalmente pelo computador.
Ele: pode deixar, saco de tudo. Vou arrumar pra você.
Eu: você mora aonde?
Ele: moro com meus pais, no Setor Oeste
Foi assim que tudo começou
(Este primeiro contacto ocorreu na Ponte do Botafogo, na Avenida Anhanguera, há mais ou menos um mês. Após várias conversas por telefone, fui adquirindo confiança naquela pessoa, cuja idade deve ser entre 22 e 25 anos, entre 1,78 e 1,80 m de altura, mais ou menos 78 k, corpo atlético tipo treinado em luta marcial, enfim, a morte sob encomenda)
Taylor, o nome da morte, foi-me apertando de uma forma que eu não sabia se era amor ou ódio
Aquele gesto seria vida ou morte?
Quando eu vir que era a morte a minha metade já estava morta
Despedi-me da vida
Lembrei-me da presença de meu ali, naquele mesmo local, na parte da manhã
Como ele mora fora, há mais de 2 anos ele não vinha à minha casa
Não tive a menor dúvida de que ele havia vindo ali por intuição
Uma despedida intuitiva
Por isso não poderia permitir que  ele, minutos depois, talvez horas, dias
Começasse a morrer com a minha morte
Ele, meu pai, no alto dos seus 80 anos, é vivaz
Desejo que eu morra tal como ele
Naturalmente, sendo decomposto aos poucos
Jamais de forma brusca, violenta
Naquele momento de despedida da morte
Vi que morrer é até bom
Pois através da morte ficamos livres do relógio de ponto
Da burocracia
Desta parafernália inútil
Desta papelada
Neste sentido morrer é um alívio
Não fosse a morte do outro
Que começa a morrer quando a gente morre
eu nem me importaria com a morte
Por isso a outra metade de mim reagiu ao forte abraço da morte
Aprendi que devo aproximar-me de pessoas boas
E são tantas!
Como por exemplo o jornalista Carlos Brandão
O Gilmar Camilo
Brasigóis Felício
Tantos escritores, pintores, desenhistas
Esta gente que imagina  mundos
Amigos, familiares
Tanta gente!
Dá prá fazer uma grande festa
Como eu não havia percebido isso?
Também sempre das pessoas boas
Para, feito nômade, fugi do conhecido
para ir ao encontro do desconhecido
Como este que era a morte quando pensei que era a vida
este e tantos outros
que estão por aí
De butuca
à espera de suas vítimas
Agora devo rever esta minha fuga de pessoas que, sei, todo mundo sabe publicamente
serem pessoas boas, como por exemplo Carlos Brandão
O vi, há um mês mais ou menos
Tive a impressão de que ele queria dizer-me algo
Fiquei com medo
Fugi do seu espectro visual 
Agora vejo aquela presença
Caso a morte houvesse me matado com seu forte abraço
Ele, ao redigir sua reportagem sobre a minha morte
Talvez falasse da minha presença ali
A sós
franzino
no canto de um bar
Sempre fugi de pessoas conhecidas
Preferi aprendar no encontro com o desconhecido
Agora sei, tudo se reune num desconhecido
Ali está a síntese do universo
A infinita capacidade de matar ou vivificar
De amar ou odiar
De ser vedadeiro ou falso
de ser ele mesmo ou apenas disfarçar, representar, moldar o sorriso, o olhar
O que um desconhecido não é capaz de fazer por dinheiro?
De certos  políticos a malas de plantão
Como eles têm sorrisos "afetuosos"!
Como são capazes de encenar!!!
Ele, o político
O mala de plantão
Olhou-me com aquele sorriso afetuoso, fraternal, maternal, paternal como se fosse um anjo
A princípio, o  seu abraço tinha a maciez de uma lã
Ledo engano
Era a morte
Quando vi que era a morte
Eu estava vivo apenas a metade
Era a morte
Quando vi que era a morte
Eu já estava quase morto
Pois a morte foi-me enforcando aos poucos
Tal como se aperta um parafuso
aos poucos a  porca aperta
aperta
aperta
aos poucos
para que, quando eu percebesse, já estivesse metade morto
e foi o que ocorreu
quando dei por mim, eu estava vivo apenas a metade
Como o meu lado  esquerdo já estava morto
Usei o meu braço direito para levantar a sua mão, seu  braço direito que sufocava meu pescoço
Eu ( tentando segurar a mão direita dele)
Ele: solta a minha mão. Eu sou presidiário. Solta! Solta!
Eu (na dúvida, se deveria soltar ou não a mão dele)
Ele, vendo que eu não iria soltar a mão dele,  adotou outra tática, a da confiança
Ele: não vou te matar.. . Solta a minha mão
Eu ( sem poder gritar e com as pernas, metade morto, e 100% imoblizado, adquiri 1% de mobilidade corporal ao levantar segurar a mão direita dele. Foi quando comecei a puxá-lo em direção a porta de saída).
Depois que tudo se passou, retornei ao quarto e vi que, estava, sob o travesseiro, uns 2 metros de fio, destes de ligar o videocassete à TV. Além deste objeto, havia ainda sob o travesseiro um punhal e uma faca que ele havia pego na cozinha. Estava tudo preparado. Agora sei que ele pedia para eu soltar a sua mão direita pois, sem a menor dúvida, era com esta mão que ele iria pegar o fio sob o travesseiro. Com este fio ele iria me matar de vez. Talvez nem precissse usar o punhal. Talvez sim, talvez não. Uma comparsa, uma mulhaer vestida de negro, não  negroiluminado mas negroescuro   o aguardava na rua com o celular. Com o meu celular, ela entraria em contacto com ele, talvez nestes termos
Ele: o presunto está geladeira. Pode subir
Um caminhão de mudança aproximar-se-ia e faria a mudança
(Ouça a música “As Aparências Enganam” , na voz do spin cantor Ney Matogrosso ou, se você preferir, com Elis Regina, spin cantora, humana )
Relato de sonho ocorrido há uns 30 dias
VISÃO - FORMA - CONHECIMENTO

VISÂO
Dormindo, sonhei que eu estava no interior do meu apartamento
casa
coração
a casa coração olho ser estava vazio
ai vejo a morte presente no meu apartamento
era um indivíduo sem rosto
ele estava com o corpo totalmente encoberto
tipo um orixá, cujo nome não sei
que tem todo o corpo encoberto

FORMA
Desenhar pintar filmar representar o orixá visualizado no sonho
Inserir neste espaço a obra

CONHECIMENTO
"As coisas tinham para nós uma desutilidade poética
Nos fundos do quintal era muito riquisíssimo o nosso dessaber
A gente inventou um truque para fabricar brinquedos com palavras
O truque era só virar bocó
Como dizer: Eu pendurei um bentevi no sol...
O que disse Bugrinha: Por dentro de nossa casa passava um rio inventado
O que nosso avô falou: O olho do gafanhoto é sem princípios
Mano Preto perguntava: Será que fizeram o beija-flor diminuído só para ele voar parado? (...)"
( Trecho do poema Livro Sobre Nada, de Manoel de Barros, spin poeta, humano).


Grato,

José Carlos Lima

Neste SPIN* vida transcorre conforme este calendário
Mês de Marte: 07/01 a 20/03. 73 dias (74 em ano bissexto)
Mês de Júpiter: 21/03 a 01/06. 73 dias
Mês de Saturno: 02/06 a 13/08. 73 dias
Mês de Urano: 14/08 a 25/10. 73 dias
Mês de Netuno: 26/10 a 06/01. 73 dias

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* SPIN = Sistema Poético Informativo Nato

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